As crianças dos 4º e 6º anos fizeram esta semana provas de aferição de Língua Portuguesa e Matemática. Por entre críticas de todos os lados, os miúdos lá fizeram as provas e, ao que parece, foram fáceis (pelo menos a de Português - dizia no jornal e disse a Margarida, que é a minha sobrinha).
É certo que podemos discutir se esta coisa de fazer provas que não contam para avaliação não é uma grande perda de tempo e dinheiro. (Talvez seja... Eu cá acho que deviam ser exames e contar parcialmente para nota.)
Mas, pelo menos, vamos ter resultados públicos e afixados, o que já é um progresso.
Ora, sobre este assunto, alguém de um dos sindicatos dos professores dizia que isto era um escândalo (ou algo equivalente) porque o Governo ia usar as provas para responsabilizar os professores pelos resultados dos alunos, crime que foi rapidamente negado. O que me leva a perguntar: por que é que é tão chocante que os professores sejam responsáveis por resultados dos alunos? Porque é que os professores, que lidam diariamente com avaliações, se opõem tão fortemente a serem avaliados?
A educação em Portugal está bastante aquém do desejável. Não acho, de modo nenhum, que os principais responsáveis sejam os professores. Creio, isso sim, que o facto da política de educação variar com o ministro, de quatro em quatro anos, é demolidor. Mas, de qualquer modo, não me digam, que, ao longo do vosso (longo?) percurso escolar, não tiveram um ou outro professor claramente mau. É claro que também terão tido professores excelentes, mas a questão como distingui-los, se não os avaliarmos?
PS: Espero que os mágicos e restantes profs não deixem de falar comigo depois disto.
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16 comments:
Tens toda a razão, Confras!
O tal "crime" de que falas é sobre usar ESTAS provas de aferição para avaliar os professores.
Porquê?
Porque, como disseste, estas provas não contam para a avaliação o que faz com que os miúdos simplesmente não estudem para elas!
Isto significa que a tal avaliação não corresponderia ao verdadeiro trabalho que se fez durante o ano.
Se as provas contassem para avaliação (o que seria o ideal - espero que caminhemos para isso!) já se poderiam tirar algumas conclusões!
Devia haver exame nacional nos 4º, 6º e 9º anos de escolaridade para evitar o que me aconteceu esta semana, quando estava a vigiar a prova de Matemática:
Um miúdo (curiosamente muito parecido com o mus, em todos os aspectos) chamou-me para tirar uma dúvida. Quando me aproximei fez-me a seguinte pergunta:
- Stôr, subtrair é multiplicar, não é?
É isto. Um puto do 6º ano!
Compreendi. Estamos então de acordo: as provas de aferição devem passar a exames!
PS: O puto estava a gozar, não?
chiça penico! (isto porque não devemos dizer brejeirices neste blog!) espero mesmo que o puto estivesse a gozar com a tua cara!
também não percebo a atitude de alguns pais e a coisa dos meninos ficarem traumatizados e andarem nervosos e mais sei lá o quê. nunca tive exames na primária, mas não acho que possam fazer muito mal!
A este respeito, cito aqui um
post do Farinha Amparo:
"(...)ANDAMOS A CRIAR UMA GERAÇÃO DE BANANINHAS... que irão perpetuar a república das ditas por muitos e longos anos.
Passei o dia a ouvir mamãs de meninos do 4º ano a exprimir a sua revolta contra a violência que estão a fazer aos rebentozinhos, sujeitando-os a exames de português e matemática que nem sequer valem como avaliação e onde só falta levá-los ao colo e pedir-lhes desculpa. Que as crianças andam super-nervosas, já fizeram xixi na cama e vomitaram o leitinho com chocolate e cereais todinho que comeram ao pequeno-almoço.
F*da-se! Tinha eu a mesmíssima idade que eles quando fui fazer o exame da quarta-classe, numa escola desconhecida e com professores que nunca tinha visto mais gordos, a fazer provas que iriam condicionar toda a minha vida futura, nas quais tive que mostrar que sabia de cor todos os reis de Portugal, rios, montanhas, linhas de caminho de ferro, tempos e formas verbais e exercícios de aritmética. (...)"
Gostei muito do teu comentário daniel, tem informações valiosas. Por exemplo: é sem dúvida interessante que haja alguém semelhante a esse mito vivo que é o Sr Mus.
Parecido com o Mus, "em todos os aspectos". O que querá o Daniel dizer com isso? Hummm... Bizarro....
Faco minhas as tuas palavras... Muito bizarro. Que todos aspectos sao esses, companheiro Daniel?
bem, como explicar, caríssimos Zef e Confras:
começando por aquele meigo e gentil olhar que todos conhecemos, passando pela delicadeza do tom da voz e pela presença enérgica e vivaça e terminando na profunda estupidez da pergunta:
- STÔR, SUBTRAIR É MULTIPLICAR, NÃO É?
eu acho que deviamos explorar as causas do fenómeno "vortex de gozar com o mus". De certeza que sabem do que falo, é inevitável, por vezes, não poucas, a mais inocente conversa acaba... no mus! será uma força universal? sentir-se-à mais numas partes do planeta do que noutras? será culpa dos poderes telepáticos do mus???
é o amor
Urge ouvir aqui uma voz esclarecedora (a minha)
Daniel, o que nao percebeste é que o puto sabia a tua nota de bioestatistica (aquele 1o exame lembras-te?) e fez.te a pergunta de proposito. E enquanto vagueavas pela sala abstraido a pensar se realmente subtrair era realmente igual a multiplicar, o puto fartou-se de copiar.
Menina va para fora: é realmente fantástico o fascinio que por toda a parte o Sr. Mus exerce. E parece que a sua Força (qual Darth Vader)se faz sentir de forma pujante em Vigo. Tem medo. Muito medo... huuaaaaahuuaaaaaaaaahahaha.
pujante! é mesmo amor mus não fiques triste!
sem querer chamar este bolg a razao (razao e coisa que nunca fez falta ao cantinho) queria deixar aqui a minha opiniao sobre as provas de afericao:
eu acho incrivel como a palavra "provas" ainda nos continua a assustar e a criar aquele incomodo no estomago, em vez de serem vistas como uma oportunidade unica de ter uma avaliacao imparcial e nacional da qualidade dos alunos e, ainda mais importante, dos professores e da escola. Digo ainda mais importante porque as escolas e os professores sao o sistema por onde vao passar todos os alunos nos proximos anos (mais ou menos inteligentes), e tambem porque esta e a unica forma de os pais poderem avaliar a escola dos filhos.
Um exemplo foram as temiveis "provas GLOBAIS", que soa quase a uma batalha intergalactica entre o bem e o mal. Lembro-me bem que toda a comunidade escolar fazia passar a ideia para os alunos de que estas provas eram o grande objectivo que dava sentido a todo um ano de trabalho. No final de muito stress desnecessario o resultado estava a vista: os alunos tiraram melhores notas as disciplinas a que realmente eram bons, e as turmas dos bons professores destacaram-se de longe das outras.
A avaliacao das escolas (e universidades!) e sem duvida essencial para a revolucao do ensino em portugal. E, sem querer apoiar o Socrates e a sua "flexibilidade", parece-me essencial que no ensino os professores sejam sujeitos a avaliacao e que possam sofrer consequencias directas se o seu trabalho nao for bem feito, como qualquer trabalhador. Porque que um professor que da as mesmas aulas da mesma forma por anos e anos tem de ficar para sempre na mesma escola so porque e mais antigo? Porque que professores de universidades que nao publicam NADA desde que foram contratados (com a excepcao das teses de mestrado dos (des)orientados)?
Por outro lado, os alunos tem sofrer tambem consequencias directas do seu trabalho. A minha pequena experiencia das provas globais foi muito positiva. Em vez de marrar para decorar as definicoes dos ultimos dois meses tivemos que realmente compreender e integrar conhecimentos (bem mais facil do que parecia), e tornou os tres anos do secundario os mais coerentes a nivel de ensino e conteudo. La por volta do 5 exame ja nao sentia o friozinho no estomago e estou convencido que se estivesse acostumado a estes exames desde a primaria, nem sequer sabia o que isso era. Acho que ter este exercicio desde novos pode ter consequencias muito positivas nao so durante a escolaridade, mas principalmente quando temos de fazer o nosso trabalho, em carreira cientifica ou profissional. No meu caso, aos poucos eu la me vou habiuando que esta cena de dar seminarios na universidade e responder a perguntas em publico e normal e nao doi nada, mas custa...
PS- desculpem se por causa deste comentario, estou a mudar de assunto e a media dos 5 comentarios por dia sobre o mus vai decair significativamente...
realmente, [-_-], que falta de imaginação não teres conseguido introduzir o mus nesse teu comentário...
em tanta linha.
mas tudo bem.
lê-mos!
Caro mascarilha,
São palavras sábias, as tuas, caro amigo, embora, com certa pena minha (e do Daniel também, ao que parece), não visem o mus.
Concordo contigo com a necessidade de exames nacionais no final dos ciclos escolares, como, aliás, o Daniel tinha também dito, mas confesso que tenho algumas reservas em relação às provas globais. O facto delas serem a nível de escola fazia muitas vezes que fossem desenhadas à medida dos conteúdos da turma que menos matéria tinha dado, o que é uma situação que vai exactamente contra tudo aquilo que defendemos: transparência, exigência, excelência (alguém vê aqui um slogan para a próxima campanha?).
Tal como tu, concordo ainda com avaliação de professores e que a progressão na carreira seja dependente do mérito e não da antiguidade. No entanto, na minha opinião, há uma questão complicada no que respeita aos professores universitários. O facto de, em grande parte dos casos, os professores acumularem os seus deveres lectivos com os de investigação leva à mediocridade, ou do ensino ou da investigação. Não tenho noção quais são as cargas lectivas do profs aí, mas por estes lados, não têm nada a ver com PT.
Para terminar, queria tentar ligar tudo isto com o mus, mas não consigo, por isso, fica apenas a menção honrosa. :)
Quem é responsável pelo estado da Educação são os sucessivos governos que o iam destruindo sistematicamente, nos últimos 20 anos.
Antes que exigir coisa alguma dos professores ou dos alunos, devem ser repostos os métodos válidos de ensino, pois a Escola no seu estado corrente apenas reproduz a Ignorância.
O Governo deve reconhecer os erros do passado e entrar no longo caminho de reconstrução do Ensino.
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